A PINTURA DAS VESTES NO ÍCONE
A pintura das vestes no ícone
introdução
As
pregas das vestes gregas recebem o nome de drapejo, drapeado ou panejamento.
Elas são esquemáticas no desenho e no colorido, se afastando muito da
representação natural, embora esse conceito não seja aplicado a todos os
ícones, é encontrado na imensa maioria deles. Isso ocorre porque o desenho
sacro bizantino quer representar o seu tema mais importante, a saber, a figura
humana de forma transfigurada. Assim o que importa não é a luz material do sol,
mas a luz espiritual, a luz tabórica. Essa luz é incriada e aparece no primeiro
dia da criação, como energia divina. A luz do sol só vai aparecer no quarto dia
da criação. Confira isso no livro do Gênesis. Assim não teremos sombra
projetada, pois a luz não vem de uma fonte externa, do sol ou de uma lamparina,
mas do interior. Portanto o critério principal para colocação da luz é deixar iluminado
as partes da roupa que tocam o corpo, já que o corpo, emite essa luz tabórica.
Foi essa luz que não permitia que os hebreus fixassem o olhar no rosto de
Moisés, pedindo que ele o cobrisse, depois que ele desceu a montanha do Sinai.
Também é a luz que São Paulo viu no caminho de Damasco e marcou a sua
conversão. É a sombra luminosa de São João da Cruz. Sendo uma luz espiritual,
evidentemente não poderá ser mostrada de forma pictórica, mas poderá ser
sugerida por meus simbólicos, aí entra em cena técnica da iluminação em três
tons.
É
preciso estar ciente que a teologia do episódio bíblico da Transfiguração, no
monte popularmente chamado de Tabor, é a fundamentação para toda teologia da
iluminação do ícone. Ali Jesus se mostra em todo o seu esplendor e glória. Até
existe uma opinião equivocada que o ícone da Transfiguração é o primeiro ícone
a ser pintado por um iconógrafo. Isso não corresponde aos fatos, pois para se
pintar esse tipo iconográfico se exige bom domínio da técnica da pintura e da
douração. O correto é que quando se pinta um ícone deste se deixa de ser um
amador, um aprendiz na linguagem das guildas e se torna um oficial. A
Transfiguração é portanto um ícone de passagem para a vida adulta de pintor de
ícones.
A
técnica da iluminação dos três tons está ligada a mística cristã sob vários
aspectos. a começar pelo número três, o número do divino, as três pessoas da
Santíssima Trindade, pois se trata de uma luz divina. Três são os degraus do
itinerário da vida cristã: via purgativa, via iluminativa e via unitiva. Esses
três degraus correspondem os três sacramentos de iniciação: o batismo, a crisma
e a comunhão, que por sua vez correspondem as três divisões do templo: átrio,
nave e santuário. lembremos que no dizer do Apostolo Paulo o corpo humano é
templo de Espírito Santo.
Veja
neste link abaixo uma boa explicação sobre o recurso dos três tons e seus
efeitos simbólico. Esta em italiano, mas
não seja preguiçoso o italiano não é tão difícil assim, vale a pena ver.
https://www.youtube.com/watch?v=DxPk0jIotmQ
Ates de mais nada é bom deixar claro que essas informações, embora aplicáveis a maioria dos ícones, não são observadas em todos os ícones.
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